A Cuca, Receitas da Beatriz

Considerações Não Culinárias

Cozinhar para mim não é apenas preparar pratos. É pensar, é me deliciar com a reunião de pessoas queridas, é descobrir sabores, cheiros, etc.

Pensar, que eu digo, é me desligar dos problemas cotidianos e me preocupar com tempêros, ingredientes, técnicas e "gadgets" de cozinha e prazer sensorial.

Às vezes, no entanto, há coisas que tomam conta do pensamento, não como fatos isolados, mas como sintomas de algo universal. Principalmente quando essas coisas têm aroma e sabor desagradáveis.

Nestes últimos dias, o que tem me intrigado são os assuntos embriões e células-tronco, o início da vida. O problema ético-social e o dogmatismo religioso ligados a esses assuntos me parecem se revestir de uma grande hipocrisia, como se a igreja e a sociedade laica nunca fossem culpadas por extermínio de vidas humanas; esse desprezo pela vida alheia é histórico e altamente documentado - inquisições e guerras pragmáticas (e há outras?).

Como pode uma sociedade tão selvagem como a humana ter esse prurido ético, enquanto as mais violentas degradações ocorrem sem que se ergam polêmicas maiores?

A vida de um ser miserável, não respeitado, sem direito a justiça, saúde, educação, etc. não vale nada numa sociedade como a nossa, mas, a protovida de uma célula congelada, que nunca viverá para apagar as velinhas de um bolo de aniversário, ah! essa é divina, é algo sagrado...

Gosto mais da grande preocupação em saber quantos anjos cabem na cabeça de um alfinete.

Deixemos essa ninharias de lado e vamos a uma receita.